MÍDIAS SOCIAIS NAS JORNADAS:
Por Geovanna Lamar e Victor Hugo Mendes

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Plataformas digitais sempre tiveram a característica de ser um espaço virtual que facilita a comunicação, transformando-a em instantânea com outras pessoas, independentemente da distância geográfica. Durante as jornadas de junho de 2013 essas plataformas tiveram um papel fundamental, a movimentação de mais 250 mil pessoas nas ruas, em 13 capitais diferentes, toda essa magnitude e organização facilitada por elas.
As mídias sociais entraram nessa história como elemento responsável pelo crescimento e organização dos protestos. O que iniciou nas ruas dia 6 de junho em São Paulo, tomou as timelines de todo o país com gritos de protestos, assim como nas ruas, as pessoas começaram a usar as plataformas para expressar suas próprias opiniões, diferente daquilo que era noticiado nos jornais e revistas. A discrepância de informações e o aumento de usuários confirmados para os protestos fizeram com que a população desse mais atenção ao assunto pautado nas redes sociais, cada um buscando a sua própria causa, formando suas opiniões e se engajando cada vez mais.
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Assim iniciou uma busca pela verdade, nessas mídias. Essa credibilidade foi alcançada por meio de vídeos, fotos e depoimentos postados por pessoas comuns. Nenhum desses materiais passaram por edições e manipulações, eram apenas pessoas comuns comunicando os ocorridos em tempo real, jornalistas amadores. A era das lives passou a fazer parte do cotidiano, e tornou essa cobertura amadora das manifestações, essencial para compreender onde estava realmente o apoio dos manifestantes.
Isso porquê, o início dos protestos foi marcado por antipatia total por parte dos grandes veículos de imprensa. Enquanto no Twitter, crescia as hashtags #vemprarua e o #ogiganteacordou.
Inclusive, cria-se nesse momento um perfil de manifestante que não vai às ruas, mas se posiciona unicamente através das redes. A partir de 2013, a opinião pública em relação ao cenário político pode ser acompanhada com veemência, observando sobre o que os internautas mais falam, quais hashtags mais crescem, quais são os trending topics e quais são as fotos mais compartilhadas.
O professor Gustavo Souza, estudioso da compreensão do papel das redes nesse período, explica: “Uma participação pautada em manifestações ou em posicionamentos em redes sociais. Então a gente tem esse risco também de gente entender a democracia ou a participação social ou a participação política apenas como um aparato das redes como algo que eu consigo dar like em que eu consigo posicionar uma hashtag uma publicação específica e não algo em que eu preciso me filiar necessariamente que precisa estar as ruas ou que eu preciso de uma compreensão maior de que eu não vou precisar só de poucos caracteres para eu manifestar especificamente.”
De acordo com o Professor e Doutor, com o surgimento dos Black Blocks a narrativa negativa nos veículos se intensifica: “O questionamento se estabelece de modo mais intenso sobre a associação com a violência e a depredação. As escolhas de manejo dos fatos entram em atrito com a insurgência indignada, já intensificada pela resposta demorada dos governos - e limitada a palavras de ordem. A associação à desordem faz com que sugestivamente uma atmosfera de desmobilização surja, o
que é interpretado por manifestantes on e/ou off-line como apagamento da legitimidade das demandas e do direito de protestar.”

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Seu estudo completo está disponível em: https://lnkd.in/ea3y_TCQ
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Portanto, com o “boom” do assunto nas redes, a difusão de temas que inicialmente eram somente sobre as tarifas do transporte público em São Paulo e região metropolitana, rapidamente se tornaram discursos anticorrupção e principalmente contra o governo da época. Visto que a copa do mundo se aproximava, abre-se uma ferida de liberdade e de expressão sociopolítica que acompanha o Brasil até hoje. Consequências são vistas até hoje, pois apesar da importância da expressão digital da população, cresceu-se aos longo dos anos a disseminação das conhecidas hoje como “fake news”. Luta da qual atinge diariamente a democracia brasileira.
O Surgimento do MÍDIA NINJA:

O projeto de rede de comunicação livre Mídia Ninja foi fundado em 2013. Na ocasião das manifestações de junho de 2013, foi ganhando notoriedade com a sua cobertura do movimento que contou com a participação de milhões de brasileiros em todos os cantos do país. A luta do projeto é dar pauta às questões ignoradas nas tradicionais emissoras do Brasil. Hoje o site possui uma rede de comunicação internacional, cobrindo os fatos mais importantes ao redor do mundo. O canal oficial da rede relata que o canal é financiado pelos próprios espectadores.
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Acompanhando a evolução dos protestos, no início a principal pauta da manifestação seria a tarifa zero, porém foi mudando a abordagem do discurso conforme os discursos nas redes sociais e nas ruas revogaram outras questões do país. A cobertura foi sobre todas as fases da manifestação e da repressão da polícia. Através de lives também trouxeram o sentimento de “a mudança está acontecendo agora” engajando milhares de espectadores nos canais a irem às ruas. Uma dessas transmissões foi o ato na Avenida Paulista que relatou os manifestantes colocando fogo em um display de propaganda da empresa Coca-Cola. A live contava com a presença de mais de 50 mil views até a chegada da PM. Com o bate-boca e a confusão com a polícia, aumentou para mais de 100 mil aparelhos conectados simultaneamente até sair do ar.
O texto publicado no site sobre a atuação da PM nos protestos, sugere uma reação do Movimento Black Blocks. Uma resposta aos ataques diários aos abusos do estado contra os jovens negros perifericos e a população de rua. A pauta política que implica é a desmilitarização da polícia além da neutralização do poder de morte no estado. Moacir franco, em um bate-papo sobre a atitude do então grupo naquela noite “ Eles fecham a Avenida Paulista, depredam duas estações de metrôs. Black blocks são aqueles caras vestidos todos de pretos, que eram espécie uma tropa de choque dos manifestantes. Enfrentavam a polícia efetivamente e que não tinha problema enfrentar a polícia, tranquilamente combatia tal grupo pequeno, mas bastante compacto então começa aí depois vira uma coisa gigante. Depois tem reflexo no país inteiro, né?”.
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A atuação da PM abriu portas para o debate dos direitos humanos, dando direção a novos protestos políticos durante a manifestação, partidos de esquerda se engajaram nos protestos e foram às ruas vestidos de vermelho e levantando a sua bandeira. Mas logo encontraram outra repressão. E desta vez, da rotulada “white democracia” pela Ninja.
Contra os grupos de esquerda, os também manifestantes arrancaram e queimaram qualquer bandeira vermelha mencionando os movimentos “sem-tetos”, “sem-terra”.
Segundo o Ninja, a disputa entre as bandeiras também foi violenta nas ruas, em meio aos protestos. A “Massa verde e amarelo” tinha como missão expulsar do protesto todos que englobava outras pautas a não ser o nacionalismo na manifestação, auxiliados pela grande mídia, e com o sentimento de revolucionários e apartidários, a grande massa toma conta das ruas expulsando a onda vermelha e deixa bem claro que o gigante tinha acordado.
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Depois da grande atuação da página durante o terremoto de 2013, o Mídia Ninja se consolidou como canal jornalístico pela internet, principalmente através do Instagram. Trabalhou ativamente também nos protestos contra a copa do mundo em

2014, cobriu as manifestações a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016 se posicionando contra. Por fim, muitos usuários são assíduos no canal, e isso fica ainda mais claro na cobertura das eleições de 2018, que elegeram o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A força que o Mídia Ninja atingiu devido Junho, deixa claro como as mídias sociais foram essenciais para que esse momento histórico tivesse repercussão até mundial.
Créditos das imagens dos tweets atribuída ao Professor e Doutor Gustavo Souza e as imagens das manifestações ao portal Mídia Ninja.